Uma vez, lembro-me de ter visto o filme “O Pequeno Buda” Estória que contava a busca de um grupo de monges do Butão pela reencarnação de um Lama famoso (líder espiritual budista) que veio Baixar em terras do tio Sam EUA, o Lama Dorge se não me falha, e nunca falha minha memória. Eles tentavam explicar ao menino e a sua familia o que era o budismo, e quem foi Buda o iluminado (Sidharta Gautama) este representado pelo nosso eterno Neo, Keannu Reaves. Numa das tantas cenas a que mais me chamou a atenção foi quando Sidharta “que era ainda um príncipe playboyzinho e rebelde sem causa aprendiz de Buda” após ficar jejuando e imóvel em uma posição desconfortabilissima por 7 sofridos anos, alimentava-se das fezes dos pássaros que por ali pousavam e defecavam em sua divina boca, e bebia água da chuva. Um dia ele notou uma folha subindo a correnteza do sagrado rio Ganges. Essa pitoresca visão fez com que “Neo” chegasse à conclusão que não era se retirando do mundanismo ou flagelando-se que ele alcançaria a tão almejada iluminação. A folha subindo a correnteza simbolizava que apesar de tudo e de todos podemos chegar aonde queremos pelo meio termo, “O caminho do meio”. É lógico que os outros Sadus (eremitas espiritualizados) companheiros de tortura de Gautama ficaram meio contrariados com essa decisão de não mais se expor às intempéries e lhe deram as costas. A partir disso ele resolveu conviver com as mazelas humanas para aprender e ensinar pelo amor e pela dor, se não aceitando ou endossando as atitudes, compreendendo-as e não criticando.
Sidharta levou breves 7 anos pra chegar a essa clara e concisa conclusão, o filme é de 1993, estamos em 2008. Como eu não sou nenhum iluminado, levei longos e sofríveis 15 anos, se não me falha, e nunca me falha a boa a velha tabuada.
Aborrecimento é uma coisa que a maioria das pessoas procura evitar, ou ao menos assim pensam. Pois bem, a nossa incompreensão, intransigência, e doentia compulsão ao preconceito, são fontes profícuas de mal estar, inimizade, insociabilidade e outras ranzinices do gênero.
Não que a partir de amanha você deve aceitar e acatar com boa vontade tudo aquilo que lhe é despejado goela abaixo sem nenhuma chance de discordar. Ter uma opinião deve ser algo de foro intimo que só deve ser levada a parte discordante quando você presume que a outra pessoa terá a sensibilidade de também respeitar as suas convicções. Caso contrario isso se tornará uma pendenga ideológica irritante no qual todo mundo fala e ninguém tem razão, pois todos temos nossas razões.
Obvio que esse tipo de pensamento é quase que um exercício de utopia, o que nós queremos mesmo é discordar e criar polemica “alguns com mais prazer”, mas se pudermos em doses homeopáticas praticar esse preceito do “O caminho do meio” notaremos que todas as conseqüências deflagradas pela nossa inabilidade de lidar com as diferenças amenizar-se-ão.