domingo, 6 de junho de 2010

O Poeta

O poeta se alimenta da musa, da carne dela, dos beijos, das ameaças de
abandono e das promessas de amores incondicionais.

Ele vive da vida, vive a vida, mas não depende dela pra continuar poeta, pois o poeta nunca nasceu e nem nunca vai morrer. O poeta depende da musa, tanto quanto ela depende do poeta, um não se materializa sem o outro.

As estrelas brilham, mas só são notadas pela rima e a prosa do poeta, sem
ele estas não passariam de hidrogênio incandescente no firmamento. O poeta
discipou o sal da lua e a adocicou, beijou o mar e conseguiu dar sentido de
beleza no violento quebrar de ondas na praia.

A musa e o poeta , caso vocês não saibam, vivem uma historia de amor
antagonizada com ódio. Sem ele as palavras não passam de rabiscos
desconexos, frases soltas frias e glaciais orbitando um quadrante espacial
permeado de anti-matéria, anti-extase, anti-amor.

No principio era o nada ,quando o poeta falou fez-se o tudo, e quando o
poeta calou-se se ouviam fragmentos de frases do seu silencio.
A musa matou o poeta, e o poeta amou a musa.

Manoel Pacífico

Viviane

Não me ateie fogo
Estou acesa e não irei queimar.
Não ludibrie-me eu criei o jogo
emudeça-me e não irei calar


Eu inventei o canto, a dança a moda.
Sou meio assim"non sense"surreal
Escrevo cartas logo as queimo, é foda!
A luz e as trevas, sou o bem sou o mal.

Icei as velas da nau no deserto
Fortaleci-me no vidro pisando em cacos.
Do fim do mundo cheguei bem perto
Nos arrecifes larguei pedaços.

Nasci e vivi,chorei e sorri, gozei e senti.
Minha nuca se encrespa eriçada
Em teu corpo dominado eu subi
Mais rum gelo e vodka, estou suada

Minhas asas sem penas, gelada
Meu odor e doce fluido sutil
A boca te beija na lingua calada
Vendo meus poemas a dinheiro vil

Seja gentil me deflora e não maltrata
A verdade me excita a flor
Meu intimo umedece dilata
Use tuas trapaças e perca meu amor

A oniciencia e meu dom
Seja real, não me engane
A mentira reconheço pelo som
Entoa em oração , meu nome Viviane.

Manoel Pacífico