O poeta se alimenta da musa, da carne dela, dos beijos, das ameaças de
abandono e das promessas de amores incondicionais.
Ele vive da vida, vive a vida, mas não depende dela pra continuar poeta, pois o poeta nunca nasceu e nem nunca vai morrer. O poeta depende da musa, tanto quanto ela depende do poeta, um não se materializa sem o outro.
As estrelas brilham, mas só são notadas pela rima e a prosa do poeta, sem
ele estas não passariam de hidrogênio incandescente no firmamento. O poeta
discipou o sal da lua e a adocicou, beijou o mar e conseguiu dar sentido de
beleza no violento quebrar de ondas na praia.
A musa e o poeta , caso vocês não saibam, vivem uma historia de amor
antagonizada com ódio. Sem ele as palavras não passam de rabiscos
desconexos, frases soltas frias e glaciais orbitando um quadrante espacial
permeado de anti-matéria, anti-extase, anti-amor.
No principio era o nada ,quando o poeta falou fez-se o tudo, e quando o
poeta calou-se se ouviam fragmentos de frases do seu silencio.
A musa matou o poeta, e o poeta amou a musa.
Manoel Pacífico
Um comentário:
Lindo texto ...
"A musa matou o poeta, e o poeta amou a musa."
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